Eram dezesseis irmãos, Okaram, Megioko, Etaogunda, Yorossum, Oxé, Odí, Edjioenile, Ossá, Ofum, Owarin, Edjilaxebora, Ogilaban, Iká, Obetagunda, Alafia e Obará. Entre todos, Obará era o mais pobre, vivendo em uma casinha de palha no meio da floresta, com sua vida humilde e simples.
Um dia, os irmãos foram fazer a visita anual ao babalaô para fazer suas consultas e prontamente o babalaô perguntou: “Onde está o irmão mais pobre?” Os outros irmãos disseram-lhe que avia se adoentado e não poderia comparecer, mas na verdade eles tinham vergonha do irmão pobre.
Como era de costume o babalaô presenteou a cada irmão com uma lembrança, simples, mas de coração e após a consulta foram todos a caminho de casa. Enquanto caminhavam, maldiziam o presente dado pelo babalaô: “Morangas? Isso é presente que se dê? Abóboras?.”
A noite se aproximava e a casa de Obará estava perto. Resolveram então passar a noite lá e chegando na casa do irmão, todos entraram e foram muito bem recebidos. Obará pediu a esposa que preparasse comida e bebida a todos e acabaram com tudo o que havia para comer na casa.
O dia raiando, os irmãos foram embora sem agradecer, mas antes lhe deixaram as abóboras como presente, pois se negavam a come-las.
Na hora do almoço, a esposa de Obará lhe disse que não havia mais nada o que comer, apenas as abóboras que não estavam boas, mas Obará pediu-lhe que as fizesse assim mesmo. Quando abriram as abóboras, dentro delas havia várias riquezas em ouro e pedras preciosas. Obará prosperou!
Tempos depois, os irmãos de Obará passavam por tempos de miséria, e foram ao babalaô para tentar resolver a situação. Ao chegar lá escutaram a multidão saldando um príncipe em seu cavalo branco e muitos servos em sua comitiva entrando na cidade. Quando olharam para o príncipe perceberam que era seu irmão Obará e perguntaram ao babalaô como poderia ser possível e ele respondeu: “Lembram-se das abóboras que vos dei? Dentro haviam riquezas em pedras e ouro, mas a vaidade e orgulho não vos deixaram ver e hoje quem era o mais pobre tornou-se o mais rico.”
Os irmãos foram ao palácio de Obará para tentar recuperar as abóboras e disseram à Obará que lhes devolvessem as abóboras. Obará assim o fez, mas antes esvaziou todas e disse: “Eis aqui meus irmãos, as abóboras que me deram para comer. Agora são vocês que as comerão.” Quando o babalaô em visita ao palácio de Obará lhe disse: “Enquanto não revelares o que tens, tu sempre terás.” E foi assim que se explica o motivo que quem carrega este Odú não pode revelar o que tem, pois corre o risco de perder tudo, como os irmãos de Obará.