Mesmo contrariando os conceitos passados e ensinados pelos antigos de algumas Jindanje (raízes), não podemos repassar conceitos e filosofia inexistentes ou que não são seguidas ou praticada na Nação Angola.
Por algum motivo, os antigos ensinavam que os Minkisi são forças da natureza, sim, são forças da natureza, mas um ser humano não teria como ser tomado pelas forças de um raio, de um relâmpago, de um tufão, de uma tempestade e muito menos pelo poder do fogo.
Na visão ou filosofia de algumas Jindanje (raízes), os Minkisi não viveram nesta terra, e por isso não podem ter tido histórias, contos ou mitos, mas na verdade temos que saber discernir a diferença do conceito da Etnia de um povo para o outro ou de um grupo para o outro e vice-versa. Sem contar que devemos concernir a diferença dos Minkisi N’kululu para os Minkisi Ba Simbi, os Minkisi Nsi (si), os Minkisi Alunga e mas, não confundi nenhum destes com os Mahamba. Mesmo porque os povos Tchokwe (chkwe) cultuavam os Mahamba, mas os Mahamba não eram originários da tradição de seus ancestrais, e sim, de um Povo vizinho a eles, os Mahamba foram trazidos e introduzidos na cultura tchokwe, os associando aos Minkisi, quando na verdade os Mahamba representam desde os espíritos bom e puros aos espíritos ruins e malfazejos.
Posso dizer que, existem os Minkisi que são as próprias forças da natureza e existem os Minkisi que são eles ancestrais.
Os Minkisi N’kuma Wutukilu que são as próprias forças da natureza, eles podem ser assentados, podem ser cultuados, adorados e venerados, mas não podem ser iniciados para tomar o corpo de um ser humano.
Já os Minkisi que são Ancestrais e estão associados ao poder destes Minkisi da natureza, estes sim, podem ser assentados, podem ser cultuados, adorados, venerados e podem ser iniciados para tomar o corpo de um ser humano. Estes sim, são os Minkisi que iniciamos nos Ndemburu e Mbakisi nas Jinzo (casas) de tradição Bantu. Cultuamos, adoramos e iniciamos os N’kululu (ancestrais) com o objetivo de que eles sim, manipulem estas forças da natureza para nós. Manipulamos as forças destes Ancestrais, para que eles manipulem as energias dos Minkisi para nós. Isso porque eles não são a própria força da natureza, mas sim, controlam o poder de manipular as forças destes Minkisi que são a própria força da natureza.
Posso afirmar que existem várias classes tanto de N’kululu (Ancestrais), quanto várias classes de Bakulu (Antepassados), quanto também de Minkisi.
Sendo assim, existem mitos, lendas e contos para determinados Minkisi que são reconhecidos como N’kululu (Ancestrais), já que viveram neste mundo. O que não devemos fazer é, associar os Minkisi N’kuma Wutukilu, que são os Minkisi que são as próprias forças da natureza, com os Minkisi N’kululu e nem com os Mahamba.
No texto abaixo, podemos ver o quanto alguns adeptos e Sacerdotes podem não só inibir, mas também criar conflitos de palavras, conceitos e costumes praticados por ele em sua Nzo ou expor questões em debates sobre palavras, nomes de Minkisi, de Deus e até na sua fala diária, no qual ele fundiu como algo único. No texto abaixo podemos ver o quanto as palavras mudam de um povo para o outro, de um grupo para o outro e vice-versa. Estas mesmas dúvidas vêm sendo debatidas e muito questionadas ainda hoje na África por alguns grupos etnos de origem Bantu. Isso porque muitas palavras hoje falado por alguns grupos em Angola, estão impregnadas de misturas de letras da língua portuguesa e da língua francesa com as línguas locais de origem Bantu. Sendo assim, ainda hoje podemos encontrar na África pessoas de origem Ambundu usando expressões da língua Mbundu, podemos encontrar pessoas de origem Kongo usando expressões da língua Kimbundu e também pessoas destas três origens, falando palavras da língua portuguesa e vice-versa. Todas estas questões se deram devido os livros, dicionários e trabalhos publicados sobre as línguas locais pelos missionários portugueses e franceses e que foram mal interpretadas ou mal compreendidas por eles, criando com isso muitas das vezes uma escrita que se fundia com a língua dos missionários portugueses, criando assim, a mistura de consoantes e vogais da língua portuguesa, com palavras impregnadas e misturadas com consoantes e vogais da língua local Africana. Estas mesmas questões sobre a influência de mistura de línguas e vem ocorrendo também em palavras usadas por adeptos e Sacerdote no Brasil.
Os povos Basuto usam a palavra “Madimo” (singular ledimo) para ‘canibais’, e “badimo” para ‘espíritos’ ou ‘deuses’. Podemos ver que são palavras quase idênticas e que por uma questão de uma má pronuncia emitida na onomatopeia, o som emitido quando uma pessoa lê uma palavra e emite o som para expressar o seu significado, pode influenciar no seu significado ou tradução.
Já a palavra “Zimwi” é a palavra Swahílis para um ser melhor descrito como um ogro; a palavra ocorre em contos Bantos antigos e genuínos, e não é comum ouvir ser usada pelos nativos; mas a maioria dos Swahílis hoje em dia parece preferir usar as palavras árabes “jini” e “shetani”. Um fantasma é “Mzuka”; mas o radical – “Zimu” significa espírito, pois sobrevive na expressão “Kuzimu”, “o lugar dos espíritos” – pensado como subterrâneo – e “Muzimu”, um lugar onde são feitas oferendas aos espíritos. O Wachaga e o Akikuyu têm seu espírito como “irimu”, o Akamba tem como espírito a palavra “Eimu” (Já a língua Kamba é notável por perder consoantes), e o Duala, do outro lado da África, seus espíritos são chamados de “Edimo”. Outros povos da África Ocidental, embora tenham uma noção de seres e espíritos mais ou menos semelhantes, os chamam por outros nomes. Como os makishi para os povos Ambundu em Angola desempenham nos contos populares o mesmo papel que os “Amazimu” – o seu nome pode talvez estar ligado ao Kongo nkishi (nkisi em alguns dialectos), que originalmente significava ‘um espírito’, mas agora mais usualmente ‘um charme’, ou o objeto comumente hoje chamado de ‘fetiche’. Os Aandonga (no país de Ovambo, ao sul de Angola), curiosamente, contam os contos de ogro usuais dos esisi ‘albino’. Albinos são encontrados, ocasionalmente, em todas as partes da África; eles não são, em regra, até onde se pode saber, vistos com horror, embora os Mayombe do Baixo Congo pensem que sejam filhos espirituais e observem cerimônias particulares no nascimento de um deles.