FOI O GUIA QUEM DISSE. SERÁ?

Há algum tempo, era mais comum ouvirmos dos cavalos de Umbanda que “quem disse” foi o Guia ou o Protetor, e que ele não tinha “nada a ver com isso”.

Para podermos considerar estas sentenças, é necessário que avaliemos alguns pontos importantes, começando por refletirmos sobre o que é mediunidade!

Há muita literatura séria sobre o assunto, mas podemos afirmar que mediunidade é a faculdade de realizarmos a comunicação entre o mundo dos encarnados e desencarnados. E o cavalo de Umbanda é o medianeiro que atua na comunicação entre o plano físico e o plano espiritual.

Também é importante saber que, em qualquer processo de comunicação há a necessidade de o cavalo de Umbanda e o espírito que se comunica possuírem afinidades (energética e, obviamente, moral). Assim é que, naturalmente, a comunicação acontece.

Allan Kardec, durante a codificação da Doutrina Espírita, anunciou o termo psicofonia como sendo uma espécie de mediunidade que permite a comunicação direta de um espírito através das cordas vocais de um médium. Kardec a denominou “mediunidade falante”, ou seja, aquela faculdade que propicia o ensejo para que os espíritos entrem em contato através da palavra, travando conversações. É ainda conhecida popularmente como incorporação, mas este termo poderia sugerir uma falsa ideia de que o espírito comunicante penetra no corpo do médium, o que na verdade não acontece.

Poder-se-ia considerar os 2 tipos de “mediunidade falante”: consciente e inconsciente. A primeira já diz: o médium, durante o período de transe, registra o que ocorre, inclusive o conteúdo da mensagem. Na segunda, embora bem raramente, o médium “adormece” e depois de finalizado o transe mediúnico ele não consegue reproduzir o que aconteceu, nem o que foi dito. Embora, hoje em dia, seja bem raro encontrar médiuns (várias literaturas comentam que em pouco tempo não teremos nenhum médium assim) com essa habilidade, ainda é possível encontrar alguns poucos trabalhadores com estas características.

O fato é que, muitas vezes, os médiuns ou os cavalos de Umbanda preferem não se lembrar dos atendimentos. Por algum motivo, esses interlocutores acreditam oferecer mais fidelidade ou autenticidade ao labor quando não se lembram do seu trabalho. Questionamos se essa sentença é absoluta! Não se trataria mesmo de uma fuga? Se ele não se lembra, qual seria a razão de atuar como médium ou como um cavalo de Umbanda?

Melhor dizendo, quais seriam as razões que credenciariam este ou aquele indivíduo à condição de médium ou cavalo de Umbanda?

Seria impossível esgotarmos todas as possíveis respostas em um único despretensioso texto, contudo, somos sempre orientados a refletir sobre esta habilidade, a fim de que possamos aproveitar esta encarnação aprendendo. Fazendo valer a pena estar aqui! O objetivo deve ser relembrado pela prática e dedicação contínua.

A história denuncia que o homem sempre aprendeu com o exemplo! O conceito “semelhante cura semelhante” funciona de verdade em termos mediúnicos. Se estiver em uma reunião mediúnica kardecista ou atuando como cavalo de Umbanda em um terreiro, terá a real chance de aprender, praticando o ato de “ouvir a si mesmo”. Nossas observações denunciam, sem qualquer desvio, que o trabalhador, seja ele um médium aos moldes kardecistas, seja um cavalo de Umbanda, ou no caso de terreiros, um auxiliar da corrente, ele irá sempre atender consulentes com problemas e requisições semelhantes às suas necessidades. Temos a convicção que este encontro, esta interação é uma excelente ferramenta, pois nos leva a entender o que precisamos fazer dentro de nós. Ajudar o consulente é mesmo importante, mas lembre-se, os primeiros assistidos são os trabalhadores, portanto, não se permita “não se lembrar” do atendimento.

Mas como fica o teor da mensagem pronunciada durante o processo de incorporação?

A nós parece claro que o Guia ou Protetor vai sempre usar a memória do cavalo de Umbanda. Em verdade, suas experiências, seus estudos e conhecimento serão sempre a base de trabalho mais importante.

Esta observação nos permite pensar que o que vem como mensagem é algo compartilhado entre o Guia ou Protetor e o trabalhador encarnado, para que ambos possam aprender e avançar em suas jornadas. Definitivamente, não conhecemos comunicação que não tenha algo do trabalhador encarnado. Por vezes, presenciamos explicações com o mesmo teor por meio de trabalhadores diferentes, e em todos os casos, a mensagem pôde ser compreendida, mas houve completa diferenciação na seleção das palavras e dos exemplos.

O mecanismo de psicofonia exige do médium uma boa parcela de comprometimento. Ele precisará buscar informações e conhecimentos, não podendo fugir de sua reforma íntima. Os espíritos que se aproximam dele, se forem realmente “de luz”, e não espíritos querendo se aproveitar de suas fragilidades morais, exigirão que o médium tenha um compromisso com o seu aprendizado e mais breve adiantamento. Espíritos comprometidos com o nosso desenvolvimento tudo farão para nos livrar da fascinação e sempre irão nos inspirar a literatura edificante, mas o cavalo de Umbanda não poderá fugir da busca incessante pelo conhecimento.

Não temos mais tempo ou condições de “terceirizar” para o Guia ou para o Protetor o compromisso do conteúdo da mensagem. A mensagem que passou pelo cavalo de Umbanda foi ouvida, compreendida em seu conteúdo, e registrada em sua memória. E conforme o desinteresse pessoal do cavalo de Umbanda, então a mensagem será transmitida na forma mais fiel possível.

A informação, o conhecimento, e a vivência, hoje em dia, são bens valiosos para o cavalo de Umbanda, e nossos Guias e Protetores se esforçam para que compreendamos isso. Eles nos estimulam diariamente ao aprendizado, justamente para que estejamos prontos para a Nova Era que se avizinha muito rapidamente.

Alguns companheiros irão dizer que esquecemos de mencionar o amor como elemento essencial. Repetiremos que o amor não deve ser condição de admissão, e sim, de exclusão. Afirmamos que o amor é o passaporte inicial para qualquer atendimento. E que se o amor não está presente, outras discussões são desnecessárias, ou seja, se ainda não encontramos o amor dentro de nós, é preciso urgentemente uma revisão de nossos sentimentos, para só então, tentarmos outros labores.

Reflitamos sobre o que estamos aprendendo e o que temos feito deste aprendizado.

Orientamos você, cavalo de Umbanda, a desistir da sentença: “o guia disse…”, e, assumir a responsabilidade afirmando: “inspirado pelo espírito eu disse …”.

Obrigado!