Mestres da Jurema

Ao que parece o termo Mestre é de origem portuguesa, onde tinha o sentido tradicional de médico, ou segundo Câmara Cascudo de feiticeiro.

De forma geral, os Mestres são descritos como Espíritos Curadores de descendência escrava ou mestiça (índio com negro ou branco com uma das duas outras raças).

Dizem os Juremeiros que os Mestres foram pessoas que, quando em vida, trabalharam nas lavouras e possuíam conhecimento de ervas e plantas curativas.

Por outro lado, algo trágico teria acontecido e eles teriam (morrido), se encantando, podendo assim voltar para “acudir” os que ficaram “neste vale de lágrimas”.

Alguns deles se iniciaram nos mistérios e “ciência” da Jurema antes de morrer, como o Mestre Inácio ou Maria do Acais e toda a linhagem de Catimbozeiros de Alhandra, que após um ritual denominado “lavagem” ganham um lugar nas Cidades Espirituais e passam a incorporar nos discípulos que formaram.

Outros adquiriram esse conhecimento no momento da morte, pelo fato desta ter acontecido próximo a um espécime da árvore sagrada.

No panteão juremista, existem vários Mestres e Mestras, cada qual responsável por uma atividade relacionada aos diversos campos da existência humana (cura de determinadas doenças, trabalho, amor…).

Há ainda aqueles especialistas em fazer trabalhos contra os inimigos. Nas mesas, as representações das entidades relacionadas nesta categoria são as mais elaboradas, geralmente possuindo o Estado completo e a “jurema plantada“; em especial a do “Mestre da Casa”, aquele que incorpora no Juremeiro, faz as consultas e iniciam os afilhados nos segredos do culto. Por tudo isso esse Mestre é carinhosamente chamado de “meu Padrinho “.

Cada Mestre está associado a uma Cidade Espiritual e a uma determinada planta de “ciência” (angico, vajucá, junça, quebra-pedra, palmeira, arruda, lírio, angélica, imburana de cheiro e a própria Jurema, entre outros vegetais), existindo ainda alguns relacionados a fauna nordestina (mamíferos – guará, preá; aves – gavião, periquito, arara, pitiguarí; insetos – abelhas, besouro mangangá; répteis).

Para os mestres relacionados a uma outra planta que não a Jurema, são estas plantas (quando árvores) que tem seus trocos plantados nas mesas dos discípulos.

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