Na Umbanda, a falange dos boiadeiros teve o seu surgimento dentro da linha de Oxóssi. São também chamados de caboclos de couro, para diferenciá-los das demais entidades que baixam nessa linha, que são designadas como caboclos de pena (ex.: Pena Branca, Jurema, Sete Flechas etc.).
A falange dos boiadeiros é formada por espíritos de homens e mulheres que, quando encarnados, lidavam com o gado, com o trato dos animais e da terra. Os boiadeiros são simbolizados pelo pulso firme, força, coragem em romper e desbravar os obstáculos, enfrentando os desafios do caminho. Pensemos: se hoje é desafiador tocar uma boiada, imagine há um século?
Apesar dessa falange ter surgido a partir dos caboclos de pena, em muitas casas foram ganhando espaço, passando a assumir uma falange própria. Assim, alguns terreiros passaram a destinar um momento específico para louvar os boiadeiros, separadamente.
Os elementos e os símbolos relacionados à falange dos boiadeiros, que são apresentados nos pontos cantados e riscados, são a corda, o chicote, o chapéu, a porteira, o boi etc. A corda, por exemplo, tem o simbolismo de laçar o mal e toda a negatividade, além de simbolizar a movimentação de energia. Quanto ao uso de itens de couro, também é uma marca na ritualística dos boiadeiros, simbolizando o elemento animal e a proteção.
Os boiadeiros recebem suas oferendas nas campinas, pastos, porteiras, currais, boca de mata, sertão, estradas de terra e barro, etc. É comum oferenda-los com bebidas, como cachaça e vinho, cigarros de palha e charuto, feijão tropeiro etc. Geralmente, as cores associadas a essa falange são o verde e o vermelho; porém, isso varia de casa para casa.
Em algumas doutrinas, diz-se que os trabalhos dos boiadeiros são sustentados espiritualmente pelos Orixás Oxóssi e Ogum, por terem surgido dentro da falange dos caboclos e por toda característica ligada à quebra de demandas. Já em outras doutrinas, são associados à mãe Iansã, devido à característica movimentadora dessa falange. As giras de boiadeiros são marcadas pela força, pela dança e peculiaridade desses trabalhadores espirituais.