O que era pra ser uma simples saudação e elemento de vibração espiritual, como era de se esperar, virou o sinônimo de algo extremamente negativo. É curiosa essa reação popular quanto ao desconhecido, pois quando se (pré) conceitua uma cultura mantendo seus olhares no escuro, logo surgem hipóteses mirabolantes e mentirosas para tentar explicá-las, antes de buscar entendê-las. Tudo isso fortalece a muitos mitos que não fazem mais do que alimentar a ignorância e a intolerância em relação aos verdadeiros fatos.
O poeta e compositor, Vinício de Moraes, como exemplo positivo, utilizava-se do termo (Saravá) para exprimir especificamente uma saudação (‘salve, ‘viva’…). A palavra, assim como o ‘axé’, tem uma carga de significado positiva e de extrema cordialidade. Contudo a terminação também é utilizada pelas religiões afro-brasileiras para se chegar a ápices espirituais, tais como ‘mantras’: que são palavras vocalizadas de forma a encontrar vibrações exatas em emanações ritualísticas. São sons místicos e sagrados para quem os produzem, não despreocupadamente, mas em um espaço que prima à elevação do espírito.
Pela seriedade encontrada durante os rituais que emanam seu Saravá, não é aconselhável que se pronuncie fora dos centros, uma vez que assim como pode sintonizar vibrações boas, pode também dissipá-las. Podemos dizer, então, que proferindo a palavra estaremos evocando toda a força que movimenta a natureza.
Para compreendermos melhor o termo, separaremos silabicamente para que possamos chegar ao um entendimento um pouco mais claro e analítico quanto a sua raiz: SA = (Força, Senhor); RA = (Reinar, Movimento); VÁ = (Natureza, Energia). Podemos dizer, enfim, que Saravá é a força que reina na natureza ou que é o Senhor que movimenta todas as energias. É perceptível a força que discorre desse veículo (a palavra Saravá) e a atração que exerce sobre as almas que estão na mesma sintonia ou procuram sintonizar-se a ele.
Como já dissemos no início do texto, não podemos nos fundamentar em embasamentos precipitados e maldosos em relação a algo que não conhecemos. Precisamos estar alertas para não cairmos no poço da ignorância a ponto de desconsiderarmos algo tão importante para quem realmente o conhece. Mas, a essa altura do texto, acredito, estamos todos vibrando na mesma sintonia, então porque não saudá-los com um bom e sonoro, SA-RA-VÁ?