Quando falamos no tridente, alguns pensam ser uma forma do mal, mas isso não é verdade. Desde o primórdio da natureza, Deuses e tridentes já se misturavam, videm Poseidon, o Deus dos Mares para os gregos antigos, Netuno, para os romanos; Shiva, na Índia. O tridente é o símbolo do poder e assim é com exu.
O tridente é uma simbologia magística do ternário em conjunção com a mãe terra, ou seja, representa as três pontas voltadas para cima, buscando alcançar o limiar das alturas e, com isso, a evolução espiritual que se faz necessário a todos os seres, quer sejam encarnados quanto desencarnados; e sendo que a sua base vai a terra é indicativo que essas entidades (exus e pombagiras) estão atreladas à vida mundana da terra e com ela buscam a sabedoria e o equilíbrio necessário para que assim possam crescer materialmente.
O tridente, em si mesmo, possui os quatro elementos primordiais: o ar (simbolizado pelo número 3), água e fogo, devido as suas três pontas voltadas para cima, e ao elemento terra (que é associado simbolicamente pelo numero 4), devido a haste central que tem como base a terra, formando em si mesmo uma ferramenta magisticamente perfeita – se somarmos 3+4 teremos a junção do setenário celestial que é o número 7, simbolizando que as entidades que dela fazem uso, são entidades que, mesmo tendo sua base terrena, possuem o desejo de crescimento evolutivo dentro de si; trabalham tanto para o aperfeiçoamento próprio como para o humano.
Mesmo que estes não possam entender as suas atitudes e, portanto, pode até aparecer muita loucura para muitos em sua fase terrena e cármica de passagem, para Deus e toda a espiritualidade é de uma sabedoria enorme; portanto, demonstra que mesmo trabalhando de forma contraditória, e tão muitas vezes criticada, exu sabe muito bem o que está fazendo.
As duas pontas equidistantes do meio do tridente demonstram duas coisas, a saber:
exu, como agente magístico, trabalha como uma entidade meta (positiva, negativa e neutra) e seu poder central está adormecido e, uma vez acordado, deverá ser usada com sabedoria, pois exu não volta atrás depois de ter aceito um trabalho…
outro fator importante simbolizado nas pontas do tridente é que o exu é um senhor que comanda espíritos que obedecem as suas diretrizes e suas ordens. O exu mesmo está encerrado simbolicamente na haste central; e, aos espíritos que agem sob seu comando, são representados pelos dois outros vértices das pontas do tridente. E este é um dos motivos do porquê o exu, em muitas vezes, pede ebós para trabalhar, pois trabalha em conjunto com alguns espíritos que ainda estão em evolução e que se utilizam, ainda, de elementos terrenos como espécie de pagamento pelos serviços prestados…
Quando um tridente é fixado em assentamento, suas forças se intensificam mais ainda, pois a ele são associados a mais 2 elementos: o fogo, que é utilizado no ato de purificação deste tridente, na hora de assentar essa energia, e a água, que é implantada através de bebidas alcoólicas, que serão aficionadas durante este mesmo processo, junto com Axés pertencentes ao Axé do exu correspondente que será fixado. Então teremos as energias acumulativas dos 4 elementos da natureza, funcionando em uma ferramenta magisticamente poderosíssima e, que pelo bem da natureza, deverá ser usada com bom senso e sabedoria pelo exu, seu médium e por todas as pessoas que desse se fazem utilitários.
Isso prova, mais uma vez, que exu é o rei da encruzilhada, dos elementos e o senhor que domina todos os elementos.
Alguns dizem que o tridente curvo (geralmente em vermelho) é de pomba-gira e o reto (geralmente em preto) é o de exu. Outros já dizem que os tridentes curvos são de entidades do fogo e do ar e os retos são de exus da água e da terra.
O tridente do exu não é o garfo alusivo do Demônio ensinado pelos cristãos. Considerado o mensageiro dos Orixás, exu vitaliza ou neutraliza qualquer um dos sete sentidos dentro da lei cármica.
Eles precisam dessas armas para poderem dominar os espíritos perdidos, revoltados e trevosos e leva-los para o tratamento devido e ponto. O tridente usado pelos exus são imprescindíveis para que “Faça-se a Luz”, pois os nossos amigos de todas as horas também estão a serviço de Deus e buscando a Luz da Evolução.
OBS: exu traz o tridente representando tão somente nossos caminhos e os mistérios que ele carrega consigo. Contudo, o tridente foi incorporado a ele, aqui no Brasil, por força do sincretismo, que o associou de forma equivocada à figura demoníaca, pois na África seu fetiche é um cajado nodoso, que usa para se transportar de um lado a outro, e um pênis de madeira, pois lá ele é o Orixá responsável pelo desejo entre o homem e a mulher, para que possam se reproduzir; sendo assim ele está de forma, direta, ligado à reprodução humana, juntamente com Iemanjá e Oxum. A primeira por ser responsável pela geração de uma vida no útero materno, a segunda por ser responsável pela retenção do sangue, garantindo assim que a menstruação não expulsará o feto que Iemanjá está criando.
O tridente representa a dualidade do exu, pois exu não é bom nem mau.
Diz-se que o tridente é uma “homenagem” à Iemanjá, já que ela é a rainha absoluta da calunga grande (mar) e o tridente faz referência a uma âncora. Isto ocorre porque teria sido Iemanjá o Orixá que deu o tridente a Exu, seu filho mais velho. Iemanjá também comanda as sete linhas de Exu.
É um instrumento que os exus usam para equilibrar as energias captadas. As energias são captadas pelas pontas menores e, depois de equilibradas, são dispersadas pela ponta do meio, que é maior.
Coincidência ou não, o tridente aparenta um homem com os braços elevados, como quem busca a evolução, seja da terra para o céu ou das profundezas dos mares para a terra… Diferente do Anks ou da cruz, que aparentam um homem de braços abertos como que em comunhão com o cosmos.
Talvez então o tridente poderia ser o símbolo do homem que busca elevar-se e a cruz o símbolo do homem elevado.