Oxum queria saber o segredo do jogo de búzios que pertencia a Exu e este não queria lhe revelar.
Oxum decidiu procurá-lo e ao chegar perto do reino de Exu, este desconfiado, perguntou-lhe o que queria por ali, que ela deveria embora e que ele não a ensinaria nada. Ela então o desafia a descobrir o que tem entre os dedos. Exu se abaixa para ver melhor e ela sopra sobre seus olhos um pó mágico que ao cair nos seus olhos o cega e arde muito.
Exu gritava de dor e dizia: – Eu não enxergo nada, cadê meus búzios?
Oxum fingindo preocupação, respondia: – Búzios? Quantos são eles?
– Dezesseis! Respondeu Exu, esfregando os olhos.
– Ah! Achei um, é grande! Disse ela.
– É Okanran, me dê ele. Pediu Exu.
– Achei outro, é menorzinho! Continuou Oxum.
– É Eta-Ogundá, passa pra cá…
E assim foi até que ela soube todos os segredos do jogo de búzios.
Ifá o Orixá da adivinhação, pela coragem e inteligência da Oxum, resolveu-lhe dar também o poder do jogo e dividi-lo com Exu.
Conta-nos outra lenda, que para aprender os segredos e mistérios da arte da adivinhação, Oxum, foi procurar Exu. Exu, muito matreiro, falou a ela que lhe ensinaria os segredos da adivinhação, mas para tanto, ela deveria ficar seus domínios durante sete anos, passando, lavando e arrumando a casa, e em troca ele a ensinaria.
E, assim foi feito. Durante sete anos Oxum foi aprendendo a arte da adivinhação que Exu lhe ensinara e consequentemente, cumprindo seu acordo de ajudar nos afazeres domésticos na casa de Exu.
Findando os sete anos, Oxum e Exu, tinham se apegado bastante pela convivência em comum, e Oxum resolveu ficar em companhia desse orixá.
Em um belo dia, Xangô que passava pelas propriedades de Exu, avistou aquela linda donzela que penteava seus lindos cabelos a margem de um rio e de pronto agrado, foi declarar sua grande admiração para com Oxum. Foi a tal ponto, que Xangô viu-se completamente apaixonado por aquela linda mulher e perguntou-lhe se não gostaria de morar em sua companhia em seu lindo castelo na cidade de Oyó. Oxum rejeitou o convite, pois lhe fazia muito bem a companhia de Exu. Xangô, irritado e contrariado, sequestrou Oxum e levou-a em sua companhia, aprisionando-a na masmorra de seu castelo. Exu, logo de imediato sentiu a falta de sua companheira e saiu a procurar por todas as regiões, pelos quatro cantos do mundo para encontrar sua doce pupila de anos de convivência.
Chegando nas terras de Xangô, Exu foi surpreendido por um canto triste e melancólico que vinha da direção do palácio do rei de Oyó. Na mais alta torre, estava Oxum, triste e a chorar por sua prisão e permanência na cidade do rei. Exu, esperto e matreiro, procurou a ajuda de Orumilá, que de pronto agrado lhe cedeu uma poção de transformação para que Oxum pudesse desvencilhar-se dos domínios de Xangô. Exu, através da magia, pode fazer chegar às mãos de sua companheira a tal poção. Oxum tomou de um só gole a poção mágica e transformou-se em uma linda pomba dourada, que voou e pode então retornar em companhia de Exu para sua morada.