Exu do Lodo

Passei por essa terra em um tempo muito injusto com as pessoas de cor, mas ganhei fama conhecendo ervas e magias amorosas.

Trabalhava e cobrava pelos meus feitiços, porém foi isso o que me destruiu.

Com muito dinheiro e mulheres belíssimas ao meu lado acabei me afundando e se envolvendo no mundo da perdição.

Não foi nesse tempo em que fui batizado pelo nome que hoje me conhecem no quimbanda, na época todos me chamavam de “Zé Toninho”.

Antônio era meu nome, não era lá muito vistoso.

Cabelo um tanto quanto crespo, alto (medindo quase dois metros), olhos e pele escura.

Garanhão e boa lábia, era isto que me fazia ser e ter o que eu quisesse.

Em uma de minhas andanças de “negócios” foi que escreveram meu fim.

Não tinha dívidas pendentes, mas aqueles três homens queriam o que era meu por direito.

Enquanto dois deles limpavam meu bolso e puxava o relógio de ouro do meu punho, o outro me juntava pelas costas me perfurando com algo parecido com um punhal.

Foi dessa forma que me deixaram, sem vida.

Me arrastaram para um lugar parecido com um brejo, lembro-me que o sangue do meu corpo se misturava com a lama do pântano. Tentaram até me enterrar mais como não tinham tempo, me deixaram ali mesmo com o rosto cravado no lamaçal.

Hoje já não me chamam de Zé Toninho e muita coisa mudou.

Atendo pelo nome de “Exu do lodo” e como não tive escolha, minha história acabou.

Se quiser me conhecer melhor e saber o que gosto de beber, é só seguir o chacoalhar do sapo tenho certeza que vai me encontrar e quem sabe… Se encantar.

Obrigado!